Lançado em 1989, o Gol GTi marcou em grande estilo a chegada da injeção eletrônica ao Brasil. Era impossível ficar indiferente à sua passagem...
O modelo Gol substituiria o Fusca “a médio prazo”. O modelo hoje é recordista histórico de vendas no Brasil. Os primeiros Gols chegaram em 1980, com motor boxer refrigerado a ar, semelhante ao do Fusca. Apenas nove meses depois do lançamento, o Gol ganhou um motor maior. Ainda era o boxer refrigerado a ar, mas com 1,6 litros de cilindrada e dupla carburação, modelo conhecido como “batedeira”. Eis que em 1984 deu-se enfim o grande salto: foi lançada uma caprichada versão esportiva: era o Gol GT, carro de fazer garotos sonharem e marmanjos babarem de desejo. Tinha motor 1.8 do Santana, mais comando de válvulas mais brabo. Era um carrão com 99 cv, conseguia manter velocidades de 140 km/h sem que o motorista percebesse que estava andando tanto. Era um esportivo de verdade e decorado com elegância. Em apelo visual e em desempenho foi o único bicho papão capaz de assustar o Ford Escort XR3. Chegamos em 1987, tempos de Plano Cruzado, preços tabelados e vendas em alta. Para driblar o congelamento dos preços, muitas empresas modificavam a apresentação e o nome de seus produtos. Foi nessa onda que o Gol GT virou GTS e ocorreram algumas modificações nos para-choques e na frente, já o motor AP 1800S não mudou- ao menos oficialmente...
Explica-se: na época a cobrança do IPVA era calculada de acordo com a potência. Carros com motores acima de 100cv pagavam mais caro. Assim a Volks preferia divulgar que o Gol GTS rendia 99cv, quando a potência real era perto de 105 ou 110cv!!
Pouco depois, a história dos Gols esportivos chegou a seu apogeu: o lançamento da revolucionária versão GTi, que fez com que o Brasil entrasse na era da injeção eletrônica ( o “i” do nome). Era o fim de 1988 e, até então, todos os nossos carros traziam carburador – peça que vinha se tornando obsoleta na Europa desde os anos 70.
Apresentado como modelo 1989, o Gol GTi trazia o motor AP 2000 do Santana, alimentado pela injeção multiponto analógica Bosch LE-Jetronic. O volante ao estilo alemão, painel com marcações vermelhas e bancos Recaro com apoios vazados de cabeça davam ao carro um ar esportivo. A barra em tom claro marcava a parte inferior da carroceria. Atrás lanternas fumê e a antena removível. Um detalhe é que o Gol GTi só tinha versão a gasolina.O resultado era surpreendente para quem estava acostumado aos carros com carburador. O gol GTi era um dos automóveis mais caros do Brasil e sua produção em 1989 foi limitada a dois mil exemplares. Da pureza inicial, o Gol GTi foi modificado ao passar dos anos. Em 1991, sofreu uma plástica com o resto da linha Gol, ganhando frente mais baixa e arredondada. Eis que em setembro de 1994, a Volks lançou a segunda geração do Gol, com 11cm de distância entre eixos e linhas arredondadas- modelo hoje conhecido como “Bolinha”.
O primeiro Gol GTi hoje é um clássico e está no topo de qualquer lista de melhores esportivos feitos no Brasil. É até difícil explicar aos mais jovens o impacto que representou a sua chegada às ruas.